quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Antropometria, o Vestuário na Terceira Idade, um Estudo de Caso Anthropometry, the Clothes in the Third Age, a Study of Case

Antropometria, o Vestuário na Terceira Idade, um Estudo de Caso
Anthropometry, the Clothes in the Third Age, a Study of Case

VICTER, Cristiane A. Gontijo
Graduanda de Design de Moda, Faculdade de Arte e Design/FACED
PEREIRA, Maria Concebida
Graduanda de Design de Moda, Faculdade de Arte e Design/FACED
ROCHA, Elizabeth Pereira da
Graduanda de Design de Moda, Faculdade de Arte e Design/FACED
FISCHER, Monica
Mestre em Sociologia, Faculdade de Arte e Design/FACED


Palavras-chave: Antropometria, Modelagem, Moda.

Devido à ação do tempo, o corpo humano ganha novas formas; neste sentido o vestuário deve ser adaptado de acordo com as características das diversas faixas etárias. Com isso torna-se necessário um estudo aprofundado do comportamento e mudanças físicas nas pessoas acima de 60 anos. O artigo enfoca os resultados de um estudo de caso, com senhoras de uma faculdade da terceira idade em Divinópolis-MG.

Key-words: Anthropometry, Modeling, Fashion.

Due to action of the time the human body gains new forms, in this direction the clothes must in accordance with be adapted the characteristics of the diverse eateries bands. With this one becomes necessary a deepened study of the behavior and physical changes in the people above of 60 years. The article focuses the results of a case study, with ladies of a college of the third age in Divinópolis-MG.



Antropometria, o Vestuário na Terceira Idade, um Estudo de Caso

1 - Introdução
O objetivo do presente artigo é o estudo de caso realizado na Faculdade Sênior de Divinópolis, no intuito de verificar as necessidades e preferências das senhoras acima de 60 anos.

Com o avanço do envelhecimento da população mundial, torna-se necessário um estudo aprofundado na tabela de medidas de modelagem do vestuário para as pessoas maiores de 60 anos, com referências na antropometria.

Os idosos representam hoje um grupo de 14 milhões de pessoas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base no Censo 2000. O instituto considera pessoas idosas aquelas com mais de 60 anos, sendo o mesmo considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para os países em desenvolvimento. Em uma década o número de idosos no Brasil cresceu 17%. O envelhecimento da população brasileira é um reflexo do aumento da expectativa de vida, devido ao avanço no campo da saúde e a redução da taxa de natalidade. Prova disso é a participação dos idosos com mais de 75 anos no total da população. Em 1991 eles eram 10 milhões. A expectativa de vida da população brasileira hoje é de 79 anos para homens e 82 anos para mulheres. Estima-se que em 2020 a população com mais de 60 anos no país deva chegar a 30 milhões de pessoas (13% do total).

Os nichos de mercado estão cada vez mais em voga. Neste sentido é de suma importância o estudo da Antropometria e da ergonomia para criação de vestuários mais adequados para cada um desses nichos.

Devido à ação do tempo, o corpo humano ganha novas formas; com isso torna-se necessário um estudo minucioso, para obtermos trajes melhores e mais adaptados. Neste sentido verifica-se a pertinência de se estudar as preferências e as medidas das senhoras acima de 60 anos.
2 - Problemática
- Quais as principais mudanças antropométricas com o passar dos anos?
- Como os idosos vêem a moda e se estão satisfeitos com o vestuário existente?
- A tabela de medidas adapta-se bem ao corpo sênior?
- Quais são as suas principais expectativas frente ao vestuário?

3 - Definição conceitual
- Que é antropometria e quais as principais mudanças verificadas no corpo sênior?
- Qual a relação entre antropometria e a modelagem do vestuário?
- Estudo de caso (questionário aplicado e as metodologias adotadas);
- Apresentação e discussão de resultados;
- Considerações conclusivas.

4 - Metodologia
Aplicação de questionários e amostragem de medidas com senhoras acima de 60 anos em uma faculdade de terceira idade, freqüentada em média por cerca de 300 idosos, sendo o único pré-requisito ser alfabetizado. Os idosos são de várias classes sociais.

A população estudada foi constituída de 20 indivíduos do sexo feminino, com idade igual ou superior a 60 anos.

A amostra probabilística foi definida em dois estágios:

- A primeira etapa constituiu-se em separar os grupos pela idade;

- A segunda, em dividi-la em subgrupos de faixas etárias de intervalo igual a dois anos;

Levando em consideração a idade, foi traçada a tabela individual de cada senhora. Foram analisadas as medidas antropométricas de massa corporal (kg), estatura (m), perímetro torácico (cm), perímetro da cintura (cm), perímetro do quadril (cm), altura de busto (cm). Para a tomada do perímetro da cintura, a fita foi posicionada ao redor da menor curvatura localizada entre as costelas e a crista ilíaca. A mensuração do perímetro do quadril foi realizada posicionando-se a fita ao redor da região do quadril, na área de maior protuberância.

Após análise descritiva das variáveis antropométricas, compararam-se valores dos adultos e idosos e tabelas preestabelecidas. Em seguida foi aplicado um questionário de preferências, interesses e gostos relacionados à moda. A princípio a amostragem não pretende ter como certo a criação de uma tabela de medidas sênior, e sim discutir as possibilidades de diferenças de medidas nos diferentes grupos, entre eles adolescentes, senhoras, indivíduos obesos e principalmente os dos idosos.

“O levantamento antropométrico adotado em um projeto deve ser aquele que mais se parece com a população alvo, ou seja, uma população com as mesmas características. Estas características são o sexo, idade, raça (ou as raças) e a etnia, o nível sócio econômico, o tipo de atividade e a época que o levantamento foi feito devido à tendência secular”.(MORAES, 2005: 113).

5 - A antropometria e as principais mudanças do corpo na terceira idade
Define-se por antropometria o estudo de medidas padrões para o desenvolvimento de produtos e serviços de acordo com a ergonomia.

De acordo com Moraes, para se projetar um produto ergonomicamente correto deve-se levar em consideração dados antropométricos da população usuária.  O cuidado deve ser observado ao compilar dados de uma tabela, ou de medidas previamente estabelecidas, afim de não criar o “homem médio”, figura imaginária, com medidas para todo o tipo de população.

“A roupa é uma arquitetura têxtil que marca o papel do sujeito na sociedade. Entendido como um conjunto de trajes e acessórios que se articula com o corpo, o vestuário revela as formas que o corpo assume no decorrer da História, definido estilos de época, que também definem modelos de corpo” (CASTILHO, Kathia).

Com o passar dos anos, as dimensões do corpo feminino se transformam. O estreitamento dos ombros e dos quadris são exemplos de transformações evidentes nesta idade. A perda de massa corpórea também é estudada por fisioterapeutas e médicos.

3- Idosas em desfile da melhor idade (Divinópolis / MG)

6 - As relações entre antropometria e a modelagem do vestuário
A antropometria moderna é o processo ou técnica de mensuração do corpo humano ou de suas várias partes.  Vem de épocas remotas o uso da geometria para compreender melhor as proporções do corpo humano. Um dos pioneiros da antropometria foi o alfaiate francês H. Gugliemo Campaign. Seu trabalho consistiu na elaboração de um quadro comparativo das idades e crescimento, onde são encontradas as transformações graduais do corpo humano, desde o nascimento até a velhice.

Para se produzir roupas de qualidade e com perfeito caimento é imprescindível o uso da modelagem, esta seguida de uma tabela condizente com seu público alvo.  O uso de medidas antropométricas trará a possibilidade de termos roupas anatomicamente corretas.

 “A modelagem está para o design de moda assim como a engenharia está para a arquitetura” (TREPTOW, 2003: p. 154).

7 - Método de mensuração para a produção de modelagem






























2-Manequim técnico com demonstração de medidas
Adaptação: Cristiane Victer

8 - Considerações finais
Após a mensuração do corpo das idosas, notou-se uma grande variedade de medidas, mas a diferenciação maior deu-se na região tórax /abdominal. A principal queixa foi referente a diferenças de tamanhos entre as empresas e entre tops e bottoms.  “Uso 42 em cima e 46 em baixo”. Nota-se também uma pequena diferença de medidas com relação aos ombros.

Após um estudo de preferências, pode-se notar uma grande preocupação com o corpo e o vestuário.
“Somos vaidosas, gosto de sutiens de sustenção, daqueles que levantam, sabe!” Preocupam-se com o conforto, e também com a beleza. Gostam de andar na moda, nem que para isto tenham que mandar fazer as próprias roupas. Mais da metade delas usa Jeans, camisetas de alça, e as que não usam, usariam se encontrassem em seu tamanho.

De acordo com Moraes, os produtos são projetados levando em consideração o apelo comercial, modismo, markentig, não os princípios da ergonomia e usabilidade. Afirma também que o homem sempre esteve em busca do belo, muitas vezes inconscientemente e que no decorrer da história do Design, o objeto belo se opunha diretamente ao objeto funcional. Levando em consideração estes fatos, podemos dizer que no vestuário o belo e o funcional devem caminhar juntos.

“Os fatores que compõe a usabilidade – efetividade, eficiência e satisfação - podem estar subordinados a estas respostas emocionais dos usuários. Primeiramente o fator mais subjetivo - a satisfação - o nível de conforto e de aceitabilidade dos usuários ao usar um produto que exerce fascínio no usuário mesmo que não possua as características fundamentais de usabilidade dos produtos. A satisfação pode ser considerada o aspecto mais importante da usabilidade, pois envolve o sentimento do usuário em relação ao produto que muitas vezes define o relacionamento entre o usuário com o produto; para realizar a tarefa manuseia o produto e as sensações por ele indicam a sua aceitabilidade e conforto”(MORAES, 2005: 101). 

Levando em consideração os estudos feitos, nota-se um grande interesse das idosas pela moda, querem estar bem vestidas e preocupam-se também com o conforto. Cores claras são as preferidas, flores e temas como a natureza chamam muito a atenção. A maioria usa salto com mais de dois cm, poucas usam anáguas ou combinações e gostam de sutiens especiais.

Os estudos antropométricos, de acordo com cada faixa etária, se fazem necessários para atender o público a que ser quer atingir. A tabela de medidas deve ser adequada com cada região e ao público alvo. Neste sentido podemos concluir que mais estudos devem ser feitos, abordando este nicho de mercado, haja visto que há um grande interesse por parte deste público por moda e por estarem bem vestidas.

O presente estudo não pretendeu uma generalização e uma conclusão e sim uma discussão a respeito da problemática levantada, abrindo uma aproximação com esse universo, a fim de contribuir com respostas mais efetivas.

Bibliografia
ARAÚJO, Mário de. Engenharia e design do produto. Lisboa: Universidade Aberta, 1995.
______. Tecnologia da confecção. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1995.
CASTILHO, Kathia. O design de moda, O re-design do corpo. In: 3º Congresso Internacional de Pesquisa em Design. Brasil 2005. Anais...Rio de Janeiro: ANPED, 2005.
CRAWFORD, A. C. The art of fashion draping. New York: Second Edition, Fairchild Publications, 1998.
DURAND, José Carlos. Moda, luxo e economia. São Paulo: Babel Cultural, 1988.
GRAVE, Maria de Fátima. A Modelagem: sob a óptica da ergonomia. São Paulo: Zennex Publishing, 2004.
MARTINEZ, Sérgio Luis Peña. Tecnologias de gestão: gestão de design. Fortaleza: Ministério da Ciência e
Tecnologia- MCT, Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico - SETEC, PADC/TIB, 1998.
MILANEZ, Tereza Loschi. Pences, recortes e franzidos. Costura perfeita, São Paulo, nº. 24, p.58,
março/abril 2005.
MINISTERIO DA PREVIDENCIA SOCIAL. O idoso na população brasileira. Disponível em:
<http://209.85.165.104/search?q=cache:6jEwWCAfLmYJ:www.previdenciasocial.gov.br/docs/powerpoint/2004-APrevidenciaSocialeoIdoso.ppt+crescimento+do+numero+de+idosos+no+brasil&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=4&gl=br> Acesso em: 6 mar. 2007
RECH, Sandra Regina. Moda: por um fio de qualidade. Florianópolis: Udesc, 2002.
RIGUEIRAL, C. Design & Moda: como agregar valor e diferenciar sua confecção. São Paulo: Instituto de Pesquisas Tecnológicas; Brasília, DF: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, 2002. 198p.
SOUZA. Sidney Cunha de. Introdução à modelagem industrial. Rio de Janeiro: SENAI/DN,
SENAI/CETIQT, CNPq, IBICT, PADCT, TIB, 1997.
TREPTOW, Dóris. Inventando moda: planejamento de coleção. Brusque: D. Treptow, 2003. 209p.

Cristiane Gontijo Victer cristianevicter@gmail.com
Maria Concebida Pereira bidamaria@gmail.com
Elizabeth Rocha bethinhaprocha@hotmail.com


















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