Antropometria,
o Vestuário na Terceira Idade, um Estudo de Caso
Anthropometry, the
Clothes in the Third Age, a Study of Case
VICTER, Cristiane A.
Gontijo
Graduanda
de Design de Moda, Faculdade de Arte e Design/FACED
PEREIRA, Maria
Concebida
Graduanda
de Design de Moda, Faculdade de Arte e Design/FACED
ROCHA, Elizabeth
Pereira da
Graduanda
de Design de Moda, Faculdade de Arte e Design/FACED
FISCHER, Monica
Mestre
em Sociologia, Faculdade de Arte e Design/FACED
Palavras-chave:
Antropometria, Modelagem, Moda.
Devido à ação do tempo, o corpo
humano ganha novas formas; neste sentido o vestuário deve ser adaptado de
acordo com as características das diversas faixas etárias. Com isso torna-se
necessário um estudo aprofundado do comportamento e mudanças físicas nas
pessoas acima de 60 anos. O artigo enfoca os resultados de um estudo de caso, com
senhoras de uma faculdade da terceira idade em Divinópolis-MG.
Key-words: Anthropometry,
Modeling, Fashion.
Due to action of the time the human
body gains new forms, in this direction the clothes must in accordance with be
adapted the characteristics of the diverse eateries bands. With this one
becomes necessary a deepened study of the behavior and physical changes in the
people above of 60 years. The article focuses the results of a case study, with
ladies of a college of the third age in Divinópolis-MG.
Antropometria, o Vestuário na Terceira Idade, um
Estudo de Caso
1 - Introdução
O objetivo do presente artigo
é o estudo de caso realizado na Faculdade Sênior de Divinópolis, no intuito de
verificar as necessidades e preferências das senhoras acima de 60 anos.
Com o avanço do
envelhecimento da população mundial, torna-se necessário um estudo aprofundado
na tabela de medidas de modelagem do vestuário para as pessoas maiores de 60
anos, com referências na antropometria.
Os idosos representam hoje um
grupo de 14 milhões de pessoas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), com base no Censo 2000. O instituto considera pessoas
idosas aquelas com mais de 60 anos, sendo o mesmo considerado pela Organização
Mundial da Saúde (OMS) para os países em desenvolvimento. Em uma década o
número de idosos no Brasil cresceu 17%. O envelhecimento da população
brasileira é um reflexo do aumento da expectativa de vida, devido ao avanço no
campo da saúde e a redução da taxa de natalidade. Prova disso é a participação
dos idosos com mais de 75 anos no total da população. Em 1991 eles eram 10 milhões.
A expectativa de vida da população brasileira hoje é de 79 anos para homens e
82 anos para mulheres. Estima-se que em 2020 a população com mais de 60 anos no país
deva chegar a 30 milhões de pessoas (13% do total).
Os nichos de mercado estão
cada vez mais em voga. Neste sentido é de suma importância o estudo da Antropometria
e da ergonomia para criação de vestuários mais adequados para cada um desses
nichos.
Devido à ação do tempo, o
corpo humano ganha novas formas; com isso torna-se necessário um estudo
minucioso, para obtermos trajes melhores e mais adaptados. Neste sentido
verifica-se a pertinência de se estudar as preferências e as medidas das senhoras
acima de 60 anos.
2 - Problemática
- Quais
as principais mudanças antropométricas com o passar dos anos?
- Como os idosos vêem a moda e se estão satisfeitos
com o vestuário existente?
- A tabela de medidas adapta-se bem ao corpo sênior?
- Quais são as suas principais expectativas frente
ao vestuário?
3 - Definição
conceitual
- Que é antropometria e quais as principais mudanças
verificadas no corpo sênior?
- Qual a relação entre antropometria e a modelagem
do vestuário?
- Estudo de caso (questionário aplicado e as
metodologias adotadas);
- Apresentação e discussão de resultados;
- Considerações conclusivas.
4 - Metodologia
Aplicação de questionários e
amostragem de medidas com senhoras acima de 60 anos em uma faculdade de
terceira idade, freqüentada em média por cerca de 300 idosos, sendo o único pré-requisito
ser alfabetizado. Os idosos são de várias classes sociais.
A população estudada foi
constituída de 20 indivíduos do sexo feminino, com idade igual ou superior a 60
anos.
A amostra probabilística foi
definida em dois estágios:
- A
primeira etapa constituiu-se em separar os grupos pela idade;
- A
segunda, em dividi-la em subgrupos de faixas etárias de intervalo igual a dois
anos;
Levando em consideração a idade,
foi traçada a tabela individual de cada senhora. Foram analisadas as medidas
antropométricas de massa corporal (kg), estatura (m), perímetro torácico (cm),
perímetro da cintura (cm), perímetro do quadril (cm), altura de busto (cm).
Para a tomada do perímetro da cintura, a fita foi posicionada ao redor da menor
curvatura localizada entre as costelas e a crista ilíaca. A mensuração do
perímetro do quadril foi realizada posicionando-se a fita ao redor da região do
quadril, na área de maior protuberância.
Após análise descritiva das
variáveis antropométricas, compararam-se valores dos adultos e idosos e tabelas
preestabelecidas. Em seguida foi aplicado um questionário de preferências,
interesses e gostos relacionados à moda. A princípio a amostragem não pretende
ter como certo a criação de uma tabela de medidas sênior, e sim discutir as
possibilidades de diferenças de medidas nos diferentes grupos, entre eles adolescentes,
senhoras, indivíduos obesos e principalmente os dos idosos.
“O levantamento antropométrico
adotado em um projeto deve ser aquele que mais se parece com a população alvo,
ou seja, uma população com as mesmas características. Estas características são
o sexo, idade, raça (ou as raças) e a etnia, o nível sócio econômico, o tipo de
atividade e a época que o levantamento foi feito devido à tendência secular”.(MORAES,
2005: 113).
5 - A antropometria e as principais mudanças do corpo na terceira idade
Define-se
por antropometria o estudo de medidas padrões para o desenvolvimento de
produtos e serviços de acordo com a ergonomia.
De
acordo com Moraes, para se projetar um produto ergonomicamente correto deve-se
levar em consideração dados antropométricos da população usuária. O cuidado deve ser observado ao compilar
dados de uma tabela, ou de medidas previamente estabelecidas, afim de não criar
o “homem médio”, figura imaginária, com medidas para todo o tipo de população.
“A
roupa é uma arquitetura têxtil que marca o papel do sujeito na sociedade.
Entendido como um conjunto de trajes e acessórios que se articula com o corpo,
o vestuário revela as formas que o corpo assume no decorrer da História,
definido estilos de época, que também definem modelos de corpo” (CASTILHO,
Kathia).
Com
o passar dos anos, as dimensões do corpo feminino se transformam. O
estreitamento dos ombros e dos quadris são exemplos de transformações evidentes
nesta idade. A perda de massa corpórea também é estudada por fisioterapeutas e
médicos.
3- Idosas em desfile da melhor idade (Divinópolis / MG)
6 - As relações entre
antropometria e a modelagem do vestuário
A antropometria moderna é o processo
ou técnica de mensuração do corpo humano ou de suas várias partes. Vem de épocas remotas o uso da geometria para
compreender melhor as proporções do corpo humano. Um dos pioneiros da
antropometria foi o alfaiate francês H. Gugliemo Campaign. Seu trabalho
consistiu na elaboração de um quadro comparativo das idades e crescimento, onde
são encontradas as transformações graduais do corpo humano, desde o nascimento
até a velhice.
Para se produzir roupas de
qualidade e com perfeito caimento é imprescindível o uso da modelagem, esta seguida
de uma tabela condizente com seu público alvo.
O uso de medidas antropométricas trará a possibilidade de termos roupas
anatomicamente corretas.
“A modelagem está para o design de moda assim
como a engenharia está para a arquitetura” (TREPTOW, 2003: p. 154).
7 - Método de mensuração para a produção de modelagem
2-Manequim técnico com demonstração de medidas
Adaptação: Cristiane Victer
8 - Considerações
finais
Após a mensuração do corpo
das idosas, notou-se uma grande variedade de medidas, mas a diferenciação maior
deu-se na região tórax /abdominal. A principal queixa foi referente a
diferenças de tamanhos entre as empresas e entre tops e bottoms. “Uso 42 em cima e 46 em baixo”. Nota-se também
uma pequena diferença de medidas com relação aos ombros.
Após
um estudo de preferências, pode-se notar uma grande preocupação com o corpo e o
vestuário.
“Somos
vaidosas, gosto de sutiens de sustenção, daqueles que levantam, sabe!” Preocupam-se
com o conforto, e também com a beleza. Gostam de andar na moda, nem que para
isto tenham que mandar fazer as próprias roupas. Mais da metade delas usa
Jeans, camisetas de alça, e as que não usam, usariam se encontrassem em seu
tamanho.
De
acordo com Moraes, os produtos são projetados levando em consideração o apelo
comercial, modismo, markentig, não os princípios da ergonomia e usabilidade.
Afirma também que o homem sempre esteve em busca do belo, muitas vezes inconscientemente
e que no decorrer da história do Design, o objeto belo se opunha diretamente ao
objeto funcional. Levando em consideração estes fatos, podemos dizer que no
vestuário o belo e o funcional devem caminhar juntos.
“Os fatores que compõe a usabilidade – efetividade,
eficiência e satisfação - podem estar subordinados a estas respostas emocionais
dos usuários. Primeiramente o fator mais subjetivo - a satisfação - o nível de
conforto e de aceitabilidade dos usuários ao usar um produto que exerce
fascínio no usuário mesmo que não possua as características fundamentais de
usabilidade dos produtos. A satisfação pode ser considerada o aspecto mais
importante da usabilidade, pois envolve o sentimento do usuário em relação ao
produto que muitas vezes define o relacionamento entre o usuário com o produto;
para realizar a tarefa manuseia o produto e as sensações por ele indicam a sua
aceitabilidade e conforto”(MORAES, 2005: 101).
Levando em consideração os
estudos feitos, nota-se um grande interesse das idosas pela moda, querem estar
bem vestidas e preocupam-se também com o conforto. Cores claras são as
preferidas, flores e temas como a natureza chamam muito a atenção. A maioria
usa salto com mais de dois cm, poucas usam anáguas ou combinações e gostam de
sutiens especiais.
Os estudos antropométricos, de
acordo com cada faixa etária, se fazem necessários para atender o público a que
ser quer atingir. A tabela de medidas deve ser adequada com cada região e ao público
alvo. Neste sentido podemos concluir que mais estudos devem ser feitos,
abordando este nicho de mercado, haja visto que há um grande interesse por
parte deste público por moda e por estarem bem vestidas.
O presente estudo não
pretendeu uma generalização e uma conclusão e sim uma discussão a respeito da
problemática levantada, abrindo uma aproximação com esse universo, a fim de
contribuir com respostas mais efetivas.
Bibliografia
ARAÚJO, Mário de. Engenharia
e design do produto. Lisboa:
Universidade Aberta, 1995.
______. Tecnologia
da confecção. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1995.
CASTILHO, Kathia. O design de
moda, O re-design do corpo. In: 3º
Congresso Internacional de Pesquisa em Design. Brasil 2005. Anais...Rio de
Janeiro: ANPED, 2005.
CRAWFORD, A. C. The art of fashion draping. New
York : Second Edition, Fairchild Publications, 1998.
DURAND, José
Carlos. Moda, luxo e
economia. São Paulo: Babel Cultural,
1988.
GRAVE, Maria de Fátima. A Modelagem: sob a óptica da ergonomia. São Paulo: Zennex Publishing, 2004.
MARTINEZ, Sérgio Luis Peña. Tecnologias de gestão: gestão de design. Fortaleza: Ministério da
Ciência e
Tecnologia- MCT, Secretaria de Desenvolvimento
Tecnológico - SETEC, PADC/TIB, 1998.
MILANEZ, Tereza Loschi. Pences, recortes e franzidos. Costura perfeita, São Paulo, nº. 24,
p.58,
março/abril 2005.
MINISTERIO DA PREVIDENCIA SOCIAL. O idoso na população brasileira. Disponível em:
<http://209.85.165.104/search?q=cache:6jEwWCAfLmYJ:www.previdenciasocial.gov.br/docs/powerpoint/2004-APrevidenciaSocialeoIdoso.ppt+crescimento+do+numero+de+idosos+no+brasil&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=4&gl=br>
Acesso em: 6 mar. 2007
RECH, Sandra Regina. Moda: por um fio de qualidade. Florianópolis: Udesc, 2002.
RIGUEIRAL, C. Design
& Moda: como agregar valor e diferenciar sua confecção. São Paulo: Instituto de Pesquisas
Tecnológicas; Brasília, DF: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior, 2002. 198p.
SOUZA. Sidney Cunha de. Introdução à modelagem industrial. Rio de Janeiro: SENAI/DN,
SENAI/CETIQT, CNPq, IBICT, PADCT, TIB, 1997.
TREPTOW, Dóris. Inventando
moda: planejamento de coleção. Brusque: D. Treptow, 2003. 209p.
Cristiane Gontijo Victer cristianevicter@gmail.com
Maria Concebida Pereira bidamaria@gmail.com
Elizabeth Rocha bethinhaprocha@hotmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário